Conheça o passo a passo do tratamento de Fertilização in Vitro

O tratamento de Fertilização in Vitro (FIV) é cercado dúvidas, mitos e incertezas. Atendo muitas pacientes no consultório cheias de questionamentos. Todos, claro, tão comuns quanto pertinentes. Isso serviu de inspiração para escrever este texto. Vamos descrever o passo a passo no tratamento de FIV. Assim você fica mais tranquila, segura e perceberá que está longe de ser um “bicho de sete cabeças”.

Após o processo inicial de avaliação do casal, se a FIV for o melhor procedimento indicado ao seu caso, fique tranquila. É um tratamento eficaz, com baixos índices de desconforto e complicações. A FIV teve seu primeiro bebê nascido no mundo em 1978, e vem sendo aperfeiçoada desde então. Cada vez mais o processo de tratamento está sendo feito com simplicidade, eficácia e segurança. Didaticamente, podemos dividir a FIV em etapas:

  1. ESTIMULAÇÃO
  2. COLETA DE ÓVULOS E ESPERMATOZOIDES
  3. FERTILIZAÇÃO PROPRIAMENTE DITA E DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO
  4. TRANSFERENCIA DE EMBRIÕES
  5. SUPORTE DA FASE LÚTEA E CONSTATAÇÃO DA GRAVIDEZ
  6. VISUALIZAÇÃO CLÍNICA DA GRAVIDEZ

 

ESTIMULAÇÃO

No ciclo menstrual normal existe o recrutamento de um grupo de óvulos, mas ao final do processo apenas um deles deve amadurecer e ser liberado para fecundação pelo processo de ovulação. A FIV com pouca quantidade de óvulos perde consideravelmente sua eficácia. Portanto, a ESTIMULAÇÃO tem a finalidade de aproveitar esse grupo de óvulos inicialmente oferecido e fazer com que boa parte deles possa ser coletada na fase “madura” do óvulo. Assim teremos mais óvulos para serem fertilizados e consequentemente mais embriões disponíveis para a escolha do embrião com maior probabilidade de gravidez.

Várias são as formas de estimular a ovulação, por diferentes protocolos de indução. Cada um deles tem vantagens e desvantagens, e são diferentemente indicados de acordo com parâmetros avaliados previamente como: idade da mulher, estimativa da reserva de óvulos, fator determinante da infertilidade, entre outros. Os hormônios indicados para a estimulação são chamados de gonadotrofinas. Não existem gonadotrofinas de absorção por via oral, portanto são sempre injetáveis – isso pode assustar incialmente, mas os dispositivos de aplicação atuais usam micro agulhas para que causem desconforto mínimo ao paciente.

O processo da ESTIMULAÇÃO é monitorado por ultrassonografia e eventualmente são aplicadas dosagens hormonais.

 

COLETA DE ÓVULOS E ESPERMATOZOIDES

A coleta dos óvulos ocorre em ambiente de centro cirúrgico. É feita sedação de aproximadamente 30 minutos de duração para que o procedimento seja confortável e indolor. Usando-se a ultrassonografia transvaginal realiza-se a punção com agulha dos folículos ovarianos para aspiração dos óvulos. Os espermatozoides são coletados por masturbação na grande maioria das vezes ou eventualmente por punção do epidídimo ou testículos em casos selecionados. O tempo médio de permanência da paciente na clínica é de uma hora e trinta minutos para observação antes de ser liberada de alta. É altamente recomendado que descanse o restante do dia.

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FERTILIZAÇÃO PROPRIAMENTE DITA E DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO

A fertilização dos gametas pode ser feita por dois procedimentos diferentes:

– FIV clássica: o óvulo é colocado em contato direto com os espermatozoides para que a fecundação ocorra espontaneamente.

– ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide): o espermatozoide é inserido dentro do óvulo através de uma micropipeta para promover a fecundação.

A quantidade de óvulos coletados, presença de alterações seminais e a preferência específica de cada Clínica de Reprodução são os principais determinantes na escolha entre essas metodologias. Os embriões são então observados nos próximos 3 a 5 dias quanto as características da sua divisão celular: ritmo de divisão celular, simetria das células, quantidade de células, presença de vacúolos e fragmentos, entre várias outras características. Essa avaliação tem a finalidade de selecionar os embriões com maior probabilidade de gravidez para a transferência.

 

TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES

Os embriões são selecionados de acordo com seu histórico de desenvolvimento. A quantidade de embriões a serem transferidos pode variar de 1 a 4 embriões. Os fatores que determinam essa escolha dependem da idade da mulher, dos antecedentes de infertilidade do casal, da qualidade embrionária e do risco gestacional. Existe a tendência de transferir a menor quantidade de embriões, ponderando os fatores, de forma a manter a chance de gravidez. Essa decisão sempre é feita caso a caso.

O processo da transferência propriamente dita é indolor. Utiliza-se a ultrassonografia para guiar o procedimento e colocar o embrião na melhor posição dentro do útero. Os embriões são levados para dentro do útero por um cateter maleável através do colo uterino, semelhante a coleta de um exame de papanicolau. Recomenda-se um breve repouso na clínica após o procedimento e em seguida a paciente é liberado.

 

SUPORTE DA FASE LÚTEA E CONSTATAÇÃO DA GRAVIDEZ

São utilizados hormônios em forma de comprimidos ou creme vaginal para dar suporte e aumentar as possibilidades de gestação. O primeiro teste a ficar positivo é o beta-HCG coletado no sangue 10 a 12 dias após a transferência do embrião.

 

VISUALIZAÇÃO CLÍNICA DA GRAVIDEZ

Após 1 semana do resultado do beta-HCG já dá para realizar a primeira ultrassonografia e verificar a posição e o número de sacos gestacionais naqueles casos onde a opção foi transferir mais de um embrião. Nesta fase o bebê ainda não aparece no exame apesar de estar lá em desenvolvimento. Cerca de uma semana adiante desta data, é possível ver o embrião com seu batimento cardíaco audível ao Doppler no ultrassom.

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